Sexta Livre

Semana da Pinhole | Sexta-Livre com Ana Angélica Costa e Fabio Goveia
Paralelamente ao crescimento do processo fotográfico digital e ao incessante desenvolvimento tecnológico, ocorreu nos últimos anos um aumento significativo de experiências com modos de produção que investem na baixa tecnologia e no trabalho artesanal. A construção de “câmeras de orifício”, as populares pinholes, está integrada nessa vertente da produção contemporânea que traça um caminho contrário ao da custosa corrida tecnológica que os fotógrafos digitalizados têm que acompanhar para se manterem atualizados. A Semana da Pinhole no Ateliê da Imagem começa com uma oficina intensiva ministrada pelo fotógrafo Leandro Pimentel e pretende ser uma experiência que servirá tanto para o fotógrafo experiente, que poderá “descondicionar” o uso automatizado do seu equipamento, ampliando suas possibilidades criativas, quanto para quem não tem experiência alguma com fotografia. Este terá a oportunidade de compreender como funciona a milenar câmera obscura – utilizada desde antes do Renascimento auxiliando na confecção de gravuras, desenhos e pinturas – e explorar os princípios que regem o nascimento da imagem no interior da câmera fotográfica.
Como fechamento da Semana, o Projeto Sexta-livre terá como convidados a artista visual Ana Angélica Costa, que irá apresentar sua pesquisa com câmeras pinhole, e o professor Fábio Goveia, que abrirá a noite com um panorama dos usos da câmera de orifício hoje. Ana Angélica Costa desenvolve desde 2002 uma pesquisa visual que envolve a produção de fotografias com câmeras sem lentes. Seu objetivo é a formação de imagens que incorporem a intervenção do acaso e que tragam uma ligação direta com o que está sendo fotografado sem, no entanto, serem a reprodução exata da sua manifestação visual. Nesse processo, a artista busca refletir sobre a possibilidade de uma imagem que questione os pressupostos da fotografia tradicional, como a instantaneidade, a reprodução do mundo visível e o automatismo. Fábio Goveia produziu uma pesquisa inédita onde organiza um panorama da prática da pinhole no Brasil e no mundo. A partir desse estudo, percebe que essa forma lúdica de fotografar é levada a sério por muitos profissionais e artistas que, através dessa “brincadeira”, passam a revalorizar os mecanismos artesanais de captura de imagens. Fábio propõe que a utilização desse aparato despojado sugere um novo paradigma de visão que vai contra a corrente atual em que prolifera vertiginosamente a produção de fotografias e cria-se a incessante necessidade de busca pelas últimas novidades tecnológicas. Ana Angélica Costa é artista visual, mestre pelo Programa de Pós-Graduação em Artes da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, na Linha de Pesquisa Processos Artísticos Contemporâneos. Especialista em História da Arte e da Arquitetura no Brasil, PUC-Rio, graduada em Educação Artística com habilitação em História da Arte pela UERJ. É uma das idealizadoras do Projeto Subsolo (www.projetosubsolo.com), atelier coletivo e produtora de arte. Fábio Goveia é professor de fotografia da Universidade Federal do Espírito Santo. Mestre em Comunicação pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, defendeu dissertação de mestrado “A imagem pelo buraco de uma agulha” em 2005. Atualmente cursa do doutorado na mesma instituição e investiga o uso dos cartões postais no Rio de Janeiro.