Sexta Livre

Maré no Ateliê da Imagem!
O Observatório de Favelas da Maré, no Rio de Janeiro, tem – como o próprio nome sugere – seu campo de atuação focalizado nas favelas e seu público são as crianças, adolescentes e jovens nelas residentes (www.observatoriodefavelas.org.br). Vinculada ao Observatório, a Escola de Fotógrafos Populares pretende desenvolver uma produção crítica capaz de registrar e difundir experiências e práticas cotidianas presentes nas comunidades populares. Suas atividades estão concentradas no projeto Imagens do Povo, que se constitui a partir de um Banco de Imagens e uma Agência de Fotografias, além da própria Escola Popular de Comunicação Crítica, cujo objetivo central é contribuir para a ampliação do exercício da cidadania entre os adolescentes e jovens de comunidades populares do Rio de Janeiro, permitindo-lhes o acesso a diferentes linguagens no extenso terreno da comunicação e da cultura. No campo específico da Fotografia, está sendo desenvolvido, com o apoio da Unicef, um curso de extensão para fotógrafos documentaristas da Maré e de outras comunidades populares do Rio de Janeiro, coordenado por Dante Gastaldoni e João Roberto Ripper. As imagens que serão exibidas no Ateliê refletem, basicamente, um dia de trabalho do grupo. Foi durante o Carnaval de 2006, quando acompanhamos o giro do bloco Se Benze que Dá pelas 16 comunidades que compõem o Complexo da Maré. Este projeto parte do pressuposto de que ao democratizar o acesso à linguagem fotográfica como técnica de expressão e visão ideológica de mundo, estaremos viabilizando a ampliação de um olhar humanista sobre a sociedade como um todo e, em especial, um olhar internalizado e não estereotipado das comunidades carentes sobre si mesmas. Neste sentido, o que aqui se pretende é trabalhar para que a fotografia seja um instrumento de arte e informação, colocado a serviço do resgate da dignidade dos moradores de comunidades populares. O sensacionalismo, a pobreza e a violência que caracterizam o olhar tradicional sobre tais comunidades – nos moldes da visão geralmente apresentada pela grande imprensa –, estão longe de dar conta da riqueza que é a experiência de vida posta em curso nesses espaços. Cabe, portanto, enfatizar os sonhos, o trabalho, o lazer, a diversão, a dor, a alegria… Enfim, registrar a capacidade de resistência que essa população da periferia demonstra, cotidianamente, valendo-se das mais diversas práticas que têm, em comum, uma incansável busca por solidariedade e dignidade.