Sexta Livre

Convergências: infância e arte | Palestra com Laura Erber
A palestra irá abordar a zona de interseção entre infância e arte, entendidas como lugares de experiência. A infância, tomada como um momento que problematiza o humano e a linguagem, se aproxima de propostas artísticas que marcaram o séc. XX, e que continuam a informar a produção contemporânea. A infância não é um estado fixo, e o corpo mutante da criança a leva a uma interrogação constante sobre si mesma e sobre aquilo que ela vê e aquilo que não pode ver. Como sujeitos dessas mutações as crianças transbordam a sua própia identidade criando uma zona de indefinições e de jogos que escapam ao controle adulto, abrindo brechas a um espaço próprio. É nessa zona que arte e infância convergem. A aproximação entre arte e infância vai mais além da idéia de ensinar Arte às crianças ou de sensibilizá-las para a produção artística. As vanguardas do século XX ao mesmo tempo que desfazem a visão idílica da infância, por outro lado lhe são tributárias. Surrealismo, Dadaísmo e Futurismo, cada uma ao seu modo, recuperaram algo da sensibilidade em construção da criança, quer fosse para recriar valores, quer fosse para atingir uma sensibilidade não coagida pela razão, ou ainda para acessar regiões de não-sentido. Também serão abordadas as vanguardas artísticas (Surrealismo, Dadaísmo, etc) e as propostas do designer e artista italiano Bruno Munari e da artista brasileira Lygia Clark em sua relação com o imaginário infantil e o jogo. A apresentação também vai procurar apresentar a idéia de Infância como campo de experimentação da linguagem, seguindo a proposta do filósofo italiano Giorgio Agamberm, presente em seu livro Infância e História (1978).
Laura Erber (Rio de Janeiro, 1979) é poeta e artista visual. Vive e trabalha no Rio de Janeiro. Formou-se em Letras pela Universidade Estadual do Rio de Janeiro. Em 2002 publicou o livro de poemas Insones (editora 7 Letras, Rio de Janeiro). Entre 2002 e 2004 foi artista residente no Le Fresnoy – Centro Nacional de Arte Contemporânea (França) onde realizou o filme Diário do Sertão e a vídeo-instalação O Livro das Silhuetas em colaboração com a coreógrafa Sioned Huws. Em 2005 recebeu a bolsa da Akademie Schloss Solitude (Stuttgart). Realizou exposições individuais no Centro de Arte da Ilha de Vasssivière (França), Fundação Miró (Barcelona); seus trabalhos vêm sendo exibidos em diversos centros de arte no Brasil e na Europa (Le Plateau, Jeu de Paume, Maison Europeène de la Photographie, Museu de arte contemporânea de Moscou, Museu de Arte Moderna de Paris, V Bienal do Mercosul, entre outros). Em setembro deste ano será publicado na Alemanha Os Corpos e os dias, seu segundo livro de poemas