Exposições
Qual a relação entre “erro” e “rua”? O que significa “errar” em um presente que carece de projetos de futuro compartilhados? Como o cálculo político, os acidentes de percurso e as obras do acaso determinam a formação e transformação dos espaços públicos? Que cidade queremos? Por um Sábado, dia 30/6, o Ateliê da Imagem torna-se lugar de uma performance de arte impressa que, com a participação ativa do público, vai tentar responder visualmente a essas perguntas criando uma publicação fotográfica coletiva.
Veja como foi a performance:
O Erro, a Rua | Rony Maltz e Walter Costa
Sobre o autor
Rony Maltz é artista visual e mestre em Fotografia pelo ICP-Bard College (NY). Faz livros de fotografia e projetos multimídia em que explora as convenções do estilo documental e as fronteiras entre texto e imagem. Seu trabalho foi exibido, recentemente, no DUMBO Arts Festival, International Center of Photography e MoMA P.S.1, em Nova York; e no Centro Cultural dos Correios e Centro Cultural Justiça Federal, no Rio de Janeiro. Produtor da Feira URCA de Fotolivros e curador da exposição Livros Possíveis, no Ateliê da Imagem (RJ), onde leciona sobre arte impressa. Toca a Abrasiva Produções e fundou, em 2016, a micro-editora {Lp} press.
Formado em Relações Internacionais na Universidade de Bolonha (Itália), Walter Costa adentrou o universo da fotografia em 2009 na Blank Paper Escuela de Fotografía em Madri, (Espanha) onde depois de cursar o Master em Desenvolvimento de Projetos voltou seus interesses especificamente para o fotolivro e as narrativas visuais. Mudou-se para São Paulo em 2013, onde começou a desenvolver uma pesquisa focada nos fotolivros brasileiros e latino-americanos.
Texto crítico
De livro a livro
Stéphane Mallarmé afirmou que tudo no mundo existe para acabar em um livro; Susan Sontag que tudo existe para acabar em uma fotografia. Eis os fotolivros como síntese, resistência do tangível frente a um mundo cada vez mais virtual, reduto de narrativas frente ao transbordar de dados desconexos.
Romances, quadrinhos, filmes e livros fotográficos são veículos de histórias. No caso dos fotolivros, a narrativa emerge do fluxo de imagens e de suas surpreendentes combinações que fazem o leitor mergulhar através das páginas nos mundos que elas contêm.
Se a leitura de um (foto)livro é um ato intrinsecamente íntimo, seu processo de criação não necessariamente. Cada vez mais, a edição se nutre da diversidade de pontos de vista de quem trabalha no projeto; polifonia versus voz individual.
O erro, a rua nasce da vontade de experimentar coletivamente as diferentes etapas de criação de um fotolivro, subvertendo o espaço expositivo tradicional para transformá-lo em um lugar performático, vivo e imprevisível.
A ação se desenvolve como trajeto “de livro a livro”, baseada na apropriação e ressignificação de imagens a partir do tema proposto, “o erro, a rua”: relações recíprocas entre o conceito de “erro” – acidente, acaso, errância – e a formação, ocupação e transformações do espaço público. Qualquer pessoa pode participar. As bibliotecas dos participantes fornecerão o material bruto – 2 a 3 livros trazidos por cada um – que, uma vez reproduzido e editado na parede, volta às páginas de uma nova publicação de autoria coletiva.
Ao final da performance esse livro e suas versões provisórias ou alternativas, resultantes de desvios, digressões ou falhas técnicas, serão dispostos em prateleiras para manipulação do público pelo período da exposição; lâminas impressas não incluídas nas publicações serão instaladas nas paredes da galeria, junto a vídeo e fotos de documentação da performance.